terça-feira, 7 de junho de 2011

Fichamento - O Anteprojeto do Manifesto do Centro Popular de Cultura.

Em 1961, foi criada no Rio de Janeiro, uma associação chamada Centro Popular de Cultura (CPC). No artigo “Anteprojeto do Manifesto Centro popular de Cultura”, os ideais do CPC são tratados. Ligado à União Nacional dos Estudantes (UNE), o objetivo do grupo era criar uma “arte revolucionária” em que a cultura nacional fosse exaltada e as classes populares conscientizadas. O artista deveria estar engajado politicamente e a arte, teria então, um caráter coletivo e democrático. Em março de 1962 o Anteprojeto, que reunia artistas de teatro, cinema, literatura, música - dentre outros, foi criado e as propostas da associação foram estabelecidas ali.


A proposta dos artistas do CPC é a de criação de uma arte que não tenha fins exclusivamente estéticos e sim algo vinculado à realidade social. O artista deve também exercer seu papel de homem comum, além de ser artista, ter as mesmas limitações e ideais dos seus semelhantes, compartilhar dos mesmos esforços, derrotas e conquistas.


Há duas posições que, segundo o manifesto, os artistas podem seguir: 1) Se sujeitar ao sistema, agir de modo passivo; 2) Participar ativamente contra a conformação do mesmo meio social. Os artistas que escolhem a primeira opção, para o CPC, não relacionam a arte com a crítica que esta deveria ser relacionada, uma crítica sobre as condições sociais da sociedade. Juntamente com as classes econômicas dominantes, esses artistas, atuam com o objetivo de dominar ideais e valores do povo. Para o CPC a arte deveria ser uma importante ferramenta de libertação material e cultural do povo brasileiro. E por isso, os artistas do CPC caracterizam sua arte como “revolucionária”. E vale destacar portanto que a associação define três tipos de intelectuais e artistas brasileiros: 1) Conformistas (citados acima); 2) Inconformistas; 3) Revolucionários (os próprios artistas da associação). De acordo com o manifesto, os inconformistas, são contra padrões de dominação da sociedade e deixam claro a repulsa pelo sistema mas, não possuem qualquer atitude que desempenhe mudança.


A arte é classificada em três tipos pelo CPC: 1) Arte do povo; 2) Arte popular; 3) Arte revolucionária. A primeira é produzida em regiões mais atrasada economicamente, o artista e a massa não se distinguem, convivem no mesmo meio. A segunda atende ao publico dos centros urbanos que recebem a obra produzida por um “grupo de especialistas”, a arte é mais vista como um passatempo, alternativa de lazer. Para o CPC tais artes não são aceitas como pontes de comunicação com as massas, “não expressam a essência do povo”. E por último, a arte revolucionária é para os artistas do CPC a melhor forma de expressar a arte. “A revolução seria atingida com a conscientização da condição de dominados da massa e conseqüentemente seria esperada uma ação prática de libertação do povo”. Os “artistas revolucionários” se consideram superiores que os de massa e acreditam criar o novo para que os outros apenas o utilizem como inspiração.


O conjunto de problemas, diagnosticados no manifesto, tem seu fundamento na oposição entre qualidade e popularidade. As obras de arte são geralmente compreendidas por pessoas do meio artístico, devido à sua complexidade, tendo requisitos que constituem justamente os pressupostos culturais para sua compreensão. Por isso, a compreensão da obra pelo povo, torna-se um problema. Entretanto, já sabendo dos desafios, o CPC, se dedica às pesquisas e ao desenvolvimento de recursos de linguagem, criando assim, uma arte eficaz que conscientize o povo e os torna mais politizados também .

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