domingo, 22 de maio de 2011

Fichamento sobre o Anteprojeto do Manifesto do Centro Popular de Cultura

O artigo Anteprojeto do Manifesto Centro Popular de Cultura trata sobre os ideais do Centro Popular de Cultura (CPC), associação que foi criada em 1961, no Rio de Janeiro, ligado à União Nacional de Estudantes (UNE). O objetivo do grupo era criar uma “arte revolucionária” que exaltasse a cultural nacional e conscientizasse as classes populares. A arte deveria ter caráter coletivo e democrático, além do engajamento político do artista. Os propósitos e fundamentos da associação foram estabelecidos no Anteprojeto, criado em março de 1962.Ele reunia artistas do teatro, do cinema, da música, da literatura, das artes plásticas entre outras.

Os artistas do CPC se propõem a criação de uma arte que não se desvincula dos processos materiais que configuram a existência da sociedade . Ou seja, a arte não deveria ter fins exclusivamente estéticos, deveria ser vinculada à realidade social. Além de ser um artista, eles deveriam ser homens comuns, com as mesmas limitações e ideais dos seus semelhantes, compartilhando as mesma responsabilidades, esforços, derrotas e conquistas comuns.

Segundo o manifesto, há duas opções que os artistas poderiam seguir: ou a dos que se sujeitam ao sistema social, agindo de um modo amorfo e passivo; ou a linha dos que participam ativamente contra a conformação do mesmo meio social. Para o CPC, os artistas que escolhem a primeira opção não relacionam a arte com um olhar crítico sobre as condições sociais e históricas, pelo contrário, eles estão conectados as relações de produção que formam a estrutura econômica da sociedade. Esses artistas, de acordo com o Anteprojeto, juntamente com as classes econômicas dominantes, atuam com o objetivo dominar as idéias, sentimentos, valores e aspirações do povo. A arte para o CPC deveria ser uma importante ferramenta espiritual de libertação material e cultural do povo brasileiro. Para atingir tal libertação, seria necessário o conhecimento das relações sociais e os meios que o envolvem, como o político e econômico, assim seria possível realizar um trabalho ativo, forte, modificador e independente capaz de produzir reações na estrutura material da sociedade. Por esse motivo, que os artistas do CPC caracterizaram a sua arte como a “arte revolucionária”. É importante ressaltar que o CPC define três tipos de intelectuais e artistas brasileiros : conformistas (citado acima), inconformistas e revolucionários (os próprios artistas da associação). Os inconformistas, segundo o manifesto, são contra os padrões de dominação da sociedade e deixam claro a sua repulsa pelo sistema, entretanto eles não possuem uma atitude pulsante de mudança, nas palavras do CPC, não são “revolucionários”.

O CPC classifica três tipos de artes: a arte do povo, a arte popular e a arte popular revolucionária. A primeira é uma arte produzida em regiões mais atrasadas economicamente, na qual o artista não se distingue da massa, eles convivem no mesmo meio. A arte do povo é limitada a ordenação dos dados mais patentes da consciência popular atrasada . O segundo tipo atende ao público dos centros urbanos que recebe a obra produzida por um “grupo de especialistas”. A arte é vista mais como um passatempo, uma alternativa de lazer. Segundo o CPC, tais artes não são aceitas como pontes de comunicação com as massas, pois não expressam a essência do povo. A arte revolucionária é para os artistas do CPC a melhor expressão da arte. Acreditam que a revolução está em passar o poder para o povo, aspirando aos mesmos fundamentos políticos que o povo. A revolução seria atingida com a conscientização da condição de dominados da massa e conseqüentemente seria esperada uma ação prática de libertação do povo.Os artistas do CPC, se consideram superiores que os artistas de massa, os que criam entretenimento. Os “artistas revolucionários” acreditam criar o novo e os segundos apenas utilizam “o novo” como inspiração.

A problemática, diagnosticado no manifesto, resida na oposição entre qualidade e popularidade. As obras de arte são, geralmente, compreendidas por pessoas do meio artístico, devido à sua complexidade que vai “desde a iniciação artística até as formas práticas da existência, desde o desenvolvimento sensorial intelectual até a formação humanística, requisitos que constituem justamente os pressupostos culturais para a compreensão da obra” . Por esses motivos, a compreensão da obra pelo povo torna-se um problema. Entretanto, cientes do desafio, o CPC dedica às pesquisas e ao desenvolvimento de recursos de linguagem para criar uma arte eficaz, que conscientize o povo e torne-o um homem politizado.

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